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Para Maria Dovigo
Anunciavam entre sonhos e palavras espíritos do ar
as mensagens secretas dos tempos ascendentes,
dos que nem dizem acima,
dos que abaixo não dizem na escada e na verdade.
No silêncio, dormiam palavras entre sonhos,
linhas oníricas da terra na água viva da esfera.
Meu amigo no labirinto,
na escada em Bonaval, no monte alto,
no rio dos destinos, em lábio vivo.
Povoamos o medo da Primavera ao Estio,
revoltamos curvas frias do Estio até o Outono,
perdemos os caminhos do Outono a este Inverno,
o tempo do furacão, o tempo do furacão e o desemprego,
e o verbo voltou e era de anjos, e namorou os versos e os reversos
e sabia de ti, fume na alma, com o vento prendido numa asa,
com olhares prendidos no infinito...
no infinito de ti, sem infinitos...
Voltar, voltar apenas, Ariadne,
voltar, reiniciar o labirinto,
o começo em floresta, em húmus novo:
onde havia ainda árvore e houve ninho.