Para quem ama no escuro.

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sábado, 28 de março de 2015

Des-redar


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          Para Marisol Casas

Os pés deitam raiz de pedra na saudade,
e, no devir, os ocasos têm pegada de ser,
e a linha do tempo é marcada
pela sombra própria e fazem saber...


Eu costurava as redes em portos de passado,
nem levava roupa nem calçado,
apenas o corpo a esbarrar sobre a cor
e o escuro a brilhar entre o tremor.

Sabia beijar os peixes novos
e tornar grandes os ocos na rede,
liberar onda em pena e pena em sal
e ser a espera de golfinhos,
magia na tardinha,
casa do último pescador
olhar e alento a perguntar por ti,
pelos silêncios,
incompreender as pescas milagrosas
que chegavam vazias de sentir.

Sim, descosia redes, desredava...
e fiquei apanhada por partir.

Mas os pés têm raiz e os peixes voam.
As luzes livres são assim...

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