Para quem ama no escuro.

4151

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Esculpimos Desertos


8

            Para Pedro Teixeira da Mota


Esculpimos desertos e homens como bosques,
com tacto nos cabelos e lama nas entranhas,
simulamos os musgos em pregas junto ao sexo,
nascemos humidades de luz nos arvoredos
sem grade que leve a nossa fonte clara.

Entornamos, então, o mundo para sermos
fictícias feiticeiras ao Sul de Samaná,
com pele de sereia e lábios ainda tenros,
com fruta nova à busca de tempo por sugar.

Sobre o asfalto alguém quer redimir a caverna
nas noites embarcadas à chuva desde Harlem
e deixa então ruínas feitas carne
no Norte mais triste que nascera em Manhattan:
corpo de moedas, dor fronteira,
verbo do fenício, biqueira a latejar.

Abrimos janelas de areia e verbo claro,
rejeitamos embargos e criamos os prantos
da terra que vibra sombras de sonhar.


2 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigada. Tão difícil é nestes dias esculpir mundos, como importante é não deixar de faze-lo. Espelhar a terra, a água, o céu também na ruína. Abraço.

      Eliminar